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  1. Na Prisão - disciplina e comida no Japão

    sábado, 31 de maio de 2014

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    Título: Na Prisão
    Título original: Keimusho no naka
    Autor e quadrinista: Kazuichi Hanawa
    Tradutora: Drik Sada
    Editora: Conrad
    Número de páginas: 248
    Ano de publicação no Brasil: 2005

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    Nesse relato autobiográfico, Kazuichi Hanawa, quadrinista underground japonês, relata o dia a dia surpreendente em uma prisão japonesa.

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    Em 1994, Hanawa foi preso por porte ilegal de arma, sendo condenado à prisão em regime fechado em uma penitenciária de Hokkaido (norte do Japão), onde permaneceu por três anos.

    Eu já havia lido sobre instituições japonesas para menores infratores, sobre a rigidez com que são tratados e a disciplina que precisam ter durante sua passagem por lá. Lembro que uma das coisas que me impressionou sobre essas instituições foi que os jovens precisam manter um diário, onde escrevem sobre o dia a dia e também é uma oportunidade de refletirem sobre suas próprias vidas.

    Ao contrário do que acontece nas instituições para menores infratores, nas prisões japonesas não é obrigatório manter um diário (e talvez nem permitido) e, pelo que o crítico literário Tomohide Kure escreveu no préfácio, nem era permitido que os presos desenhassem - portanto, os desenhos e relatos de Hanawa foram escritos e desenhados posteriormente, de memória.

     [clique na foto para ampliar]

    Um dos aspectos mais interessantes dessa HQ é a comida. Quando pensamos em comida em prisões, logo imaginamos uma "lavagem" servida de qualquer jeito àqueles que, por seus crimes, talvez não mereçam nada de bom, incluindo uma refeição digna (e até o autor chega a comentar algo nesse sentido). No entanto, a comida servida na prisão onde Hanawa ficou era incrivelmente apetitosa e bem preparada, o que dava muito prazer aos prisioneiros.


    Será que é justo viver tão bem depois de ter cometido um crime?

    As descrições sobre o cardápio e as refeições são constantes ao longo da HQ, e os pratos descritos (preparados e distribuídos pelos próprios presos designados) são de dar água na boca.



     No último dia do ano, é servida uma refeição muito farta e especial:


    E no almoço do dia 1º de janeiro (Ano-Novo, uma data muito significativa para os japoneses), os presos também recebem uma refeição caprichada:


    Apesar de se tratar de criminosos, eles são tratados com dignidade - têm refeições dignas e as celas são ambientes também dignos (não são depósitos de seres humanos como acontece no Brasil, por exemplo), que eles próprios são obrigados a manter limpos e organizados.


    Outra coisa que chama muito a atenção é a disciplina cobrada dos presos. Todos são obrigados a se comportar bem, a trabalhar, a limpar e organizar suas próprias coisas; para praticamente tudo, é preciso pedir permissão para um guarda (como para ir ao banheiro ou pegar um objeto que o preso deixou cair durante a jornada de trabalho), e também não é permitido que os presos conversem entre si na maior parte do tempo.

     

    Imagino que seja mais difícil haver corrupção e sistemas de "proteção" dentro do sistema carcerário japonês se comparado com o sistema brasileiro. Devem existir pessoas corruptas, é claro, como em todo lugar, mas o próprio presídio parece não dar muitas brechas para isso, pois todos os presos são tratados de forma igualitária, usam o mesmo tipo de uniforme e recebem quantidades iguais de comida (sendo estas diferenciadas apenas quando os presos exercem trabalhos mais braçais e têm direito a um pouco mais de comida). Aparentemente, o sistema carcerário funciona bem, pois tudo é muito organizado e "justo".


    Acima, uma cena que ilustra a que ponto chega a organização dentro do sistema carcerário japonês: durante a jornada de trabalho, o preso, depois de autorizado a ir ao banheiro, pega uma placa de madeira vermelha (indicando que ele vai fazer cocô) ou preta (indicando que vai fazer xixi).

    É uma leitura que vale muito a pena.

    Agradeço à Lana pela indicação de leitura.

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    Kare raisu ("Curry Rice")

    Kare raisu ["carê ráissu"] é um cozido de carne e legumes ao molho curry, servido com gohan (arroz branco japonês). É delicioso e bem fácil de fazer!


    Ingredientes:

    350 g de carne bovina cortada em tiras ou em cubos (pode ser alcatra ou coxão mole - nessa receita eu usei filé mignon, porque já vinha cortada em cubos e achei mais prático)
    150 g de vagem
    2 cenouras médias
    2 batatas médias
    2 mandioquinhas médias (na receita original não vai, mas eu gosto de usar)
    1 cebola média
    curry em tablete (serão usadas 3 partes)
    açúcar e sal a gosto
    maisena para engrossar
    um pouco de manteiga



    Modo de preparo:

    Picar a carne em cubos ou em tiras e temperar a gosto (costumo usar um pouco de vinho tinto e tempero de alho pronto ou vinho tinto e um pouco de sal e Aji-no-moto). 

    Picar os vegetais em cubos e a cebola de forma irregular. Note que as batatas devem ser mantidas na água depois de cortadas, para não oxidar (não ficar escuras).

    Derreter a manteiga e fritar a cebola e, depois, adicionar a carne e fritar.


    Depois que a carne estiver frita, acrescentar os vegetais picados e água fervente até cobrir todos os ingredientes.


    Tampar a panela e deixar cozinhando até o vegetais ficarem macios.

    Depois disso, acrescentar três tabletes de curry e mexer até dissolver.


    Na foto acima não dá para ver, mas nesse pacote de curry, há cinco tabletes. Comprei o curry mais suave que existe dessa marca (Golden Curry), mas também há outros tipos, mais apimentados. O da caixinha verde (levemente apimentado) também é bom.


    Acrescentar um pouco de açúcar, caso goste de uma comida levemente adocicada. E um pouco de sal, caso necessário.

    Por último, dissolver uma colher de sopa de maisena em um pouco de água em temperatura ambiente, misturar e acrescentar aos outros ingredientes. Mexer até o caldo engrossar.

    Depois é só servir com arroz branco!